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8 passos para lidar com um adolescente rebelde

8 passos para lidar com um adolescente rebelde

Por Jacqueline Vilela

Como agir, no dia a dia, com um adolescente rebelde? Essa é uma pergunta frequente que recebo nos meus atendimentos de coaching.

Costumo sempre dizer que o adolescente está em construção. Nesta fase, o desafio dos pais é o de encontrar um espaço/lugar/ponto onde será possível dialogar e fazer o filho ouvir sem as terríveis guerras e sem ter a autoridade desafiada.

Neste artigo, vou mostrar a você 8 conselhos práticos para agir com um adolescente difícil, inspirado no que fala o psicanalista e psiquiatra francês J.D. Nasio:

#1 SABER ESPERAR
O melhor remédio é o tempo. Os pais de adolescentes precisam mudar a postura diante da adolescência do filho: plantar sementes e esperar que elas cresçam é a melhor postura.

Se antes você tinha controle sobre os comandos que dava para o seu filho, agora pode parecer que nada do que pede é atendido ou que sempre é com muita guerra que as coisas são feitas. Sim, os adolescentes estão mais questionadores e obedecem cada vez menos a comandos e cada vez mais a uma postura de liderança e autoridade.

Sermão, gritaria e autoritarismo precisam dar lugar a conselhos, diálogos e parceria. E muitos desses conselhos não são assimilados imediatamente até por causa da própria imaturidade da idade.

A adolescência é uma fase que tem começo, meio e fim, e se você tiver forças para plantar, regar e se manter presente nessa fase, os frutos virão na vida adulta.

Embora saber esperar seja indicado, não é sinônimo de “não fazer nada” ou ignorar os sintomas de rebeldia dos filhos. É sim ter paciência, firmeza e amor na medida certa.

#2 SABER RELATIVIZAR
Quando você repreende o seu filho por absolutamente tudo o que ele faz, o que ele ouve vai além das suas palavras, é muito mais profundo, é a sua disponibilidade de espírito.

É preciso encontrar uma medida em que o seu filho sinta que a reprimenda ao comportamento rebelde dele não muda em nada o amor que você sente e que, aconteça o que acontecer, você continuará acreditando que ele pode ser melhor do que é hoje.

Resumindo: saiba separar a pessoa dos atos. Condene o comportamento indesejado, mas jamais misture esse comportamento ao que o seu filho é em essência.

#3 SABER NEGOCIAR
Ser mãe e pai de adolescente nesse novo mundo (sim, o mundo mudou) exige saber proibir, mas também fechar acordos.

Se você combinou que o seu filho deveria chegar até determinado horário e ele não cumpriu o combinado, não reaja impulsivamente na hora. Espere o dia seguinte para ter uma conversa, mostre-se firme, mas aberto ao diálogo.

Coloque os pontos nos quais o seu filho errou, informe as consequências daquele ato e feche sempre a conversa com uma atitude positiva, como avaliar com ele de que forma os acordos poderiam ser cumpridos daquele momento em diante.

#4 SABER NÃO COMPARAR
Quando repreender um filho, nunca o compare com outro filho ou com um amigo ou conhecido que tenha um comportamento exemplar.

Talvez você imagine que cria algum juízo na cabeça do seu filho mostrando para ele uma pessoa que se comporta do jeito que ele deveria se comportar, mas, acredite, o efeito é inverso: você o desencoraja, ou, pior, humilha e afasta-o ainda mais de você.

#5 NUNCA PRESSAGIE UM FRACASSO DE SEU FILHO
Por mais que a situação hoje seja complicada e a convivência desafiadora, seja sempre positivo. Nunca ameace o seu filho dizendo que, caso ele não faça isso ou aquilo, será um fracasso, um “zé ninguém”, um “zero à esquerda”.

Não é uma ameaça de um fracasso que vai estimular um adolescente que já está rebelde, uma vez que ele não sabe antecipar problemas e só vive no presente.

Acontece o seguinte: o seu filho não vai assimilar que você só quer protegê-lo do fracasso, mas vai reter as suas palavras como uma falta de confiança nele.

É indicado concentrar os esforços nas medidas para que ele melhore, passo a passo, o que precisa ser melhorado, seja uma nota, seja um comportamento. Você pode ter ajuda de um profissional capacitado para aquela questão (como um reforço escolar, descobrir a profissão, lidar com as emoções) ou pode construir com ele pequenos objetivos para que ele sinta o gosto de ter vitórias naquilo que gosta de fazer.

#6 UM ADOLESCENTE REBELDE EM CASA É LEGAL FORA DE CASA
Muitos pais se surpreendem ao constatarem que os filhos são amáveis e gentis fora de casa. Como isso se explica?

No coração de um adolescente neurótico, o amor do pai e da mãe é sempre acompanhado de exigências e de pontos de vista sufocantes: “Quanto mais me sinto sufocado pelos meus pais, menos me sinto amado. Inversamente, o amor dos outros adultos é um alívio para mim; é um amor sem exigências, que não me angustia e nem me reprova o tempo todo.”

Já comprovei esse comportamento inúmeras vezes com os adolescentes que atendo. Comigo eles são amáveis, frágeis, sensíveis. Não se parecem em nada com a descrição dos pais quando iniciamos um processo. A impressão que tenho quando conheço o jovem é que os pais me falaram de um filho e mandaram o outro no lugar!

É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança” – Provérbio africano

Os avós, tios, pais de amigos, professores ou pessoas próximas podem ser grandes aliados para um desfecho positivo dessa crise. Infelizmente, muitos pais veem isso como uma competição, como uma afronta (não me obedece, mas obedece ao outro) e acaba não usando a seu favor a abertura de uma terceira pessoa.

Se você conseguir passar por cima do seu orgulho, pedir ajuda a terceiros ajudará muito.

#7 ESCUTE O QUE ESTÁ POR TRÁS DA REBELDIA
O comportamento do seu filho quer dizer algo e quase nunca é o que você pensa ser. Para entender, é preciso falar menos e escutar mais.

Se você hoje passa mais tempo falando, mandando e brigando com o seu filho sobre quem está mais certo na situação, pegou o caminho errado.

Nenhum comportamento começa do zero, inesperadamente e sem motivos. O despertar desse comportamento na adolescência vem da própria transição, mas carrega as inseguranças e os pensamentos do jovem.

Aprender a se comunicar sem gritar, a ser firme sem ser agressivo, a ser autoridade sem ser autoritário são os desafios dos pais de adolescentes.

Fácil? Não! Mas quem disse que ter filho e educar é fácil? Pode parecer mais difícil hoje do que na época dos nossos pais, mas é a evolução natural das gerações.

#8 AME O SEU FILHO DO JEITO QUE ELE É
Esse é um conselho duro. Muitas atitudes do seu filho adolescente são frequentemente estimuladas pelos seus sonhos sobre quem o eu filho deveria ser.

Seja realista e ame-o como ele é.

O adolescente rebelde sofre. Não, ele não acordou em um belo dia e decidiu que iria infernizar a vida dos pais por prazer, ele sofre internamente com exigências que não consegue suportar, seja do seu corpo ou da sua moral.

E a isso junta-se um mal-entendido profundo: os jovens acusam os pais de ser os responsáveis por não atingirem os sonhos e os pais acusam os filhos de não ter se tornado quem deveriam ser.

Na verdade, os pais de adolescentes precisam entrar em contato com duas perdas: a perda de sua criancinha que cresceu e a perda da ilusão de um adolescente ideal, seguro, equilibrado, amado, inteligente e educado.

Aceitar a realidade – o filho do jeito que ele se formou – é o primeiro passo para a queda da rebeldia.

Fundadora e CEO da Parent Coaching

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