Por Jacqueline Vilela

Quanto mais a ciência avança, mais fica comprovado que o amor é, de fato, o responsável pela evolução humana e que, num sentido estrito, nós seres humanos nos originamos no amor e somos dependentes dele.

O ser humano não vive só. A história da humanidade mostra que o amor está sempre associado à sobrevivência, que se dá pela cooperação e pelo acolhimento. Jesus, em uma de suas parábolas, fala do camponês lançando sementes ao solo. Algumas caem nas pedras e são comidas pelas aves, outras caem num solo árido e resistem por pouco tempo. Mas há aquelas que encontram boa terra e crescem vigorosas. Assim também nós precisamos de um solo acolhedor para nos desenvolver. O solo acolhedor dos filhos é o amor vindo dos seus pais.

O amor implica na necessidade do estar juntos em interações recorrentes e na total aceitação do outro como um legítimo outro na convivência. Em outras palavras, amar é uma atitude em que se aceita o outro de forma incondicional e não se exige ou se espera nada como recompensa, é respeitar o espaço do outro para que ele exista em plenitude.

E o que esse tema sobre o amor tem a ver com a adolescência?

Quando o filho se torna adolescente é muitas vezes difícil demonstrar o amor. Há uma confusão intensa dos papéis de pais e filhos e uma atmosfera de agressividade que se mistura com um distanciamento doloroso para os pais. Incondicional.

Não é de se espantar que mais de 50% dos pais não se sintam amados pelos filhos e vice-versa. E essa “sensação” não poderia estar mais longe da realidade.

São nesses momentos difíceis em família, onde o amor incondicional é colocado à prova, que ele precisa prevalecer e se transformar, para se mostrar de outras formas nesta família que adolesce.

Aceitar o filho adolescente e não querer transformá-lo no filho que os pais idealizaram é uma condição necessária para o desenvolvimento físico, comportamental, psíquico, social e espiritual normal dele. O Ph.D. Humberto Maturana afirma, com base na biologia, que 99% das enfermidades humanas têm a ver com a negação do amor.

Os pais precisam, no entanto, tomar o extremo cuidado para não distorcer os conceitos do amor. Amar não significa abrir mão da disciplina. Também não significa dar tudo, fazer tudo que o filho quer. Amar exige muito autoconsciência e esforço. Exige conduzir o filho na busca de solução, do respeito ao outro, da responsabilização dos atos, do aprendizado com o fracasso e da comemoração com a vitória, exige ser o exemplo e, principalmente, exige aceitar e respeitar a opinião do filho, agora adolescente, contribuindo para a sua autoestima.

Somente em uma educação amorosa dos pais, que traz consigo para o adolescente a confiança em si mesmo e o respeito por si mesmo, surgirá a colaboração. Ao colaborar o filho devolve aos pais as atitudes e o respeito construído. E surge a evolução.

Tenha um solo de amor. E dele, aparecerão bons frutos!